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DOENÇAS INFECCIOSAS BACTERIOLOGIA IMUNOLOGIA MICOLOGIA PARASITOLOGIA VIROLOGIA

EM INGLÊS

 


PARASITOLOGIA - CAPÍTULO CINCO
CESTODOS (PLATELMINTOS)


Dr Abdul Ghaffar
Emeritus Professor
University of South Carolina School of Medicine

Dr Gregory Brower
Associate Professor
University of South Carolina School of Medicine

Tradução:
PhD. Myres Hopkins

 

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DR MYRES HOPKINS
 
  
 
 

 

 

OBJETIVOS
Epidemiologia, morbidez e mortalidade
Morfologia do organismo
Ciclo de vida, hospedeiros e vetores
Doença, sintomas e Diagnóstico. Prevenção e controle.
 

Os cestodos clinicamente importantes patogênicos para o homem são Tenia solium (tênia da carne de porco), T. saginata (tênia da carne de boi), Diphyllobothrium lattum (tênia dos peixes ou botrocéfalo), Hymenolepis nana (verme anão), Echinococcus granulosus e E. multilocularis (doença hidátida).


TENIA SOLIUM T. SAGINATA (TENÍASE)

Epidemiologia

Estes cestodos têm uma distribuição mundial, mas a incidência é maior em países em desenvolvimento. A taxa de infecção é baixa (de 1 por 1000) na maior parte da América do Norte e alta (de 10%) no terceiro mundo. Os platelmintos de porco mostram uma incidência maior, mas esta é dependente dos hábitos de dieta.

Morfologia

T. saginata podem ter o comprimento de 4 a 6 metros e 12 mm de espessura; tem uma cabeça piriforme (escolex) com quatro ventosas, mas não há ganchos ou colo. Tem um corpo longo e achatado com algumas centenas de segmentos (proglotes). Cada segmento mede cerca de 18 x 6 mm com um útero ramificado (15-30 ramos). O ovo mede 35 x 45 micrômetros, é arredondado e amarelo amarronzado. Tem estriações periféricas radiais e contém um embrião com 3 acúleos (figura 2).
T. solium é ligeiramente menor que a T. saginata. Tem um escólex globular com quatro ventosas e uma fileira circular de acúleos (rostelo) que dá uma aparência solar. Há um colo e este tem um longo e achatado corpo (0.1 m de comprimento). As proglotes medem 5 x 10 mm com um útero de 7-12 ramos. Os ovos da T. solium e da T. saginata são indistinguíveis (figura 2).

Ciclo de Vida

Um cisto larval do platelminto (cisticerco) é ingerido em carne mal cozida; a larva escapa do cisto e passa para o intestino delgado, onde é ligada à mucosa pelas ventosas do escólex. As proglotes se desenvolvem à medida que o verme amadurece em 3 a 4 meses. O adulto pode viver no intestino delgado até 25 anos e elimina proglotes grávidas pelas fezes. Os ovos expulsos da proglote contaminam e persistem no estado vegetativo por vários dias, até que são consumidos pelo gado ou porcos, onde irão eclodir e formar cisticercos (Figura 1).

Sintomas

Infecções leves permanecem assintomáticas, mas infecções intensas podem produzir desconforto abdominal, dor epigástrica, vômito e diarréia.

Cisticercose

Ovos de T. solium podem também infectar humanos e causar cisticercose (cistos larvais nos pulmões, fígado, olhos e cérebro) resultando em cegueira e desordens neurológicas. A incidência da cisticercose cerebral pode ser de 1 para 1.000 pessoas em uma população e pode ser responsável por 20% dos casos neurológicos em alguns países (ex. México); o envolvimento da cisticercose ocular ocorre em cerca de 2.5% dos pacientes e o envolvimento muscular é de até 10% (na Índia).

Patologia e Imunologia

Sintomas gastrointestinais são devidos à presença o platelminto. Os sintomas da cisticercose são um resultado de respostas imuno/ inflamatórias. Anticorpos são produzidos na cisticercose e estes são úteis ferramentas epidemiológicas.

Diagnóstico

O diagnóstico é baseado na recuperação dos ovos ou proglotes nas fezes e da área perianal. A cisticercose é confirmada pela presença de anticorpos.

Tratamento e controle

Praziquantel é a droga de escolha. A expulsão do escólex deve ser averiguada para que o tratamento seja considerado satisfatório. Uma inspeção da carne bovina e suína, cozimento adequado ou congelamento da carne são precauções eficientes, visto que os cisticercos não sobrevivem a temperaturas inferiores a -10o C e acima de 50o C.

 

Figura 1     


Ciclo de vida da Taenia saginata e Taenia solium
Os humanos são os únicos hospedeiros definitivos da Taenia saginata e Taenia solium.  Os ovos ou proglotes grávidas são eliminados nas fezes
 ; os ovos podem sobreviver durante dias a meses no meio ambiente. Bovinos (T. saginata) e suínos (T. solium) se tornam infectados pela ingestão da vegatação contaminada com ovos ou proglotes grávidas  .  No intestino do animal as oncosferas eclodem  , invadem a parede intestinal, e migram para os músculos estriados, onde desenvolvem-se em cisticercos. Um cisticerco pode sobreviver durante vários anos no animal. Os humanos se tornam infectados pela ingestão de carne crua ou mal cozida infectada  .  No intestino humano os cisticercos se desenvolvem durante 2 meses em um platelminto adulto, que pode sobreviver durante anos. Os platelmintos adultos se ligam no intestino delgado através de seus escólex   e residem no intestino delgado  .  O comprimento dos vermes adultos é normalmente de 5 m ou menos no caso da T. saginata (entretanto ele pode atingir até 25 m) e de 2 a 7 m no caso da T. solium.  Os adultos produzem proglotes que maturam, tornam-se grávidas, se destacam do platelminto, e migram para o ânus ou são eliminados pelas fezes (aproximadamente 6 por dia). Adultos de T. saginata normalmente têm 1.000 a 2.000 proglotes, enquanto que adultos de T. solium têm uma média de 1.000 proglotes. Os ovos contidos nas proglotes grávidas são eliminados pelas fezes. T. saginata podem produzir até 100.000 e T. solium podem produzir 50.000 ovos por proglote, respectivamente.
CDC
DPDx Parasite Image Library 

tae1.jpg (24279 bytes)  tae2.jpg (33037 bytes)  Figura 2A 
 
Ovos tenióides. Os ovos da Taenia saginata e T. solium são indistinguíveis morfologicamente (a identificação morfológica terá que se basear nas proglotes ou    escólices). Os ovos são arredondados ou subesféricos, diâmetro de 31 a 43 µm, com uma concha larga radialmente estriada e marrom. No interior de cada concha está uma oncosfera embrionada com 6 ganchos. O ovo em B ainda tem a membrana primária que envolve os ovos nas proglotes.
CDC

tae3.jpg (55405 bytes) tae4.jpg (49781 bytes)  Figura 2B 
Proglotes grávidas de (esquerda) Taenia saginata e (direita) T. solium. Injeção de tinta da India no útero permite a visualização dos ramos laterais primários. O número deles permite a diferenciaçãio entre as duas espécies: T. saginata tem 15 - 20 ramos de cada lado, enquanto a T. solium tem 7 - 13. Note os poros genitais nas posições medianas laterais.
CDC
 

taen-sag-darb.jpg (55139 bytes)  Figura 2C
Proglote grávida de Taenia saginata
 
©
Dr Peter Darben, Coleção de parasitologia clínica da Universidade de Tecnologia de Queensland. Usado com permissão 

 

taen-sol-darb.jpg (56376 bytes)  Figure 2D 
Cisticerco de Taenia solium , inteiro e em seção do músculo (H&E) 
©
Dr Peter Darben, Coleção de parasitologia clínica da Universidade de Tecnologia de Queensland. Usado com permissão 


taen-egg-darb.jpg (19626 bytes)  Figura 2E
Ovo de Taenia sp. egg 
© Dr Peter Darben, Coleção de parasitologia clínica da Universidade de Tecnologia de Queensland. Usado com permissão

tae6.jpg (58720 bytes)  Figura 2F
Escolex e proglote grávida de Taenia solium 
© Dr Peter Darben, Coleção de parasitologia clínica da Universidade de Tecnologia de Queensland. Usado com permissão

tae7.jpg (42788 bytes)  Figura 2G
Escolex de Taenia solium
CDC/Dr. Mae Melvin

tae8.jpg (103797 bytes)  Figura 2G 
Histopatologia da Taenia saginata em apêndice.
CDC 


 

 

    

 

 


 

DIPHYLLOBOTHRIUM LATUM (TÊNIA DO PEIXE OU BOTROCÉFALO - DIFILOBOTRÍASE)

Epidemiologia

A infecção pela tênia do peixe tem distribuição mundial, nas regiões sub-árticas e temperadas; é associada com a ingestão de peixes de água doce mal cozidos.

Morfologia

Esta é a tênia mais longa encontrada em humanos, variando de 3-10 metros com mais de 3.000 proglotes. O escólex relembra duas folhas de forma amendoada e as proglotes são mais largas do que longas, morfologia que se reflete na vida do organismo. Os ovos medem 30 x 50 micrômetros de tamanho e contém um embrião com 3 pares de acúleos (figura 4).

Ciclo de vida

O Homem e outros animais são infectados por se alimentarem de peixe cru que contém larvas plerocercóides (15 x 2 mm) que aderem ao intestino delgado e maturam a vermes adultos em 3 a 5 semanas. Os ovos liberados das proglotes grávidas no intestino delgado são eliminadas pelas fezes. O ovo eclode na água doce para produzir um coracídio que precisa ser ingerido por uma pulga d'água (Cíclope) onde se desenvolve em uma larva procercóide. As Cíclopes quando infectadas são ingeridas pelo peixe de água doce, a larva procercóide penetra na parede intestinal e se desenvolve em uma larva plerocercóide, que é infecciosa para o homem (figura 3).

Sintomas

Os sintomas clínicos podem ser amenos, dependendo do número de vermes. Eles incluem desconforto abdominal, perda de peso, perda de apetite e algum grau de desnutrição. Anemia e problemas neurológicos associados com a deficiência de vitamina B12 são observados em indivíduos intensamente infectados.

Diagnóstico

O diagnóstico é baseado no achado de muitos ovos típicos e proglotes vazias nas fezes (Figura 3). A história de consumo de peixe cru e residência em uma localidade endêmica é útil.

Tratamento e controle

Praziquantel é a droga de escolha. O congelamento por 24 horas, o cozimento completo ou fazer picles com o peixe mata as larvas. Os reservatórios de peixes devem ser mantidos longe de água de esgôto.

 

   


 
Figura 3
Ovos imatudos são eliminados nas fezes  .  Sob condições apropriadas, os ovos maturam (aproximadamente 18 a 20 dias)   e produzem oncosferas, que se desenvolvem em um coracídio  .  Após a ingestão por um crustáceo de água doce adequado (a copépoda, primeiro hospedeiro intermediário) o coracídio se desenvolve em larva procercóide  .  Após a ingestão do copépoda por um segundo hospedeiro intermediário adequado, tipicamente o peixe fluvial vairão e outros pequenos peixes de água doce, as larvas procercóides são liberadas do crustáceo e migram para a carne do peixe onde se desenvolvem em larvas plerocercóides (espárgano)  .  As larvas plerocercóides são o estágio infeccioso para humanos. Devido ao fato de humanos em geral não se alimentarem de vairões mal cozidos e de peixes semelhantes de água doce, estes não representam uma fonte importante de infecção. Entretanto, estes pequenos segundos hospedeiros intermediários podem ser comidos por espécies predadoras maiores, ex. a truta, perca, dourada amarela  .  Neste caso, o espárgano pode migrar para a musculatura do peixe predador maior e humanos podem adquirir a doença ao comer estes peixes hospedeiros secundários intermediários infectados crus ou mal cozidos  .  Após a ingestão do peixe infectado, a plerocercóide se desenvolve em adultos imaturos e daí em platelmintos adultos maduros que irão residir no intestino delgado. Os adultos de D. latum se ligam à mucosa intestinal por meio de duas fendas bilaterais (bótria) de seus escólex  .  Os adultos podem atingir mais de 10 m de comprimento, com mais de 3.000 proglotes.  Ovos imaturos são liberados das proglotes (até1.000,000 de ovos por dia por verme)  e são eliminados nas fezes  .  Os ovos aparecem nas fezes 5 a 6 semanas após a infecção. Além disso humanos, muitos outros mamíferos podem também servir de hospedeiros definitivos para o D. latum.
CDC 
DPDx Parasite Image Library

dip2.jpg (29972 bytes)  dip3.jpg (24839 bytes)  Figura 4A
Ovos de Diphyllobothrium latum. Estes ovos são ovais ou elipsóides, com um opérculo (ver setas) em um terminal que podem ser inconspícuos (à direita). No extremo oposto (abopercular) há um pequeno nó que pode ser dificilmente discernível (à esquerda). Os ovos são eliminados nas fezes não embrionados. O tamanho varia: 58 a 76 µm por 40 a 51 µm.
CDC. Image A contribuição da Divisão de Saúde Pública da Georgia.

 

dip1.jpg (102242 bytes)  Figura 4B
Proglotes grávidas de Diphyllobothrium latum.
CDC/Dr. Mae Melvin
 

dip4.jpg (59123 bytes) Figura 4C
Proglotes de Diphyllobothrium latum. As espécias características são: as proglotes são mais largas do que longas; tamanho de 2 a 4 mm de comprimento por 10 a 12 mm de largura; útero torcido em aparência de roseta; poro genital no centro da proglote.
CDC
 

diboth-darb.jpg (43682 bytes)  Figura 4E
Escólex e proglotes grávidas de Diphyllobothrium latum
© Dr Peter Darben, Coleção de parasitologia clínica da Universidade de Tecnologia de Queensland. Usado com permissão
 

dip5.jpg (15395 bytes)  Figura 4D
Proglotes de Diphyllobothrium latum. Estas proglotes tendem a ser eliminadas em seções de vários comprimentos nas fezes. As proglotes tendem a ser mais largas do que longas.
CDC. contribuição da Divisão de Saúde Pública da Georgia.
 

diboth-egg-darb.jpg (28068 bytes)  Figura 4F
Ovo de Diphyllobothrium latum
© Dr Peter Darben, Coleção de parasitologia clínica da Universidade de Tecnologia de Queensland. Usado com permissão



 

Figure 4     

 


HYMENOLEPIS NANA (VERME ANÃO)

Este é um platelminto anão (20 x 0.7 mm) que infecta crianças. Roedores são os reservatórios. A infecção é oral-fecal e, portanto, a infecção cruzada e auto-infecção pelos ovos nas fezes é normal (figura 6). O verme se desenvolve a partir dos ovos ingeridos em um adulto no intestino delgado e aí reside durante várias semanas (figura 5). Infecções leves produzem distúrbios abdominais vagos, mas infecções mais intensas podem causar enterite. O diagnóstico é baseado no achado de ovos nas fezes. Praziquantel é a droga de escolha. A higiene é o melhor controle.
 

 

  

  Figura 5
Ovos de Hymenolepis nana são imediatamente infecciosos quando eliminados nas fezes e não sobrevivem mais de 10 dias no ambiente externo
 .  Quando os ovos são ingeridos por um hospedeiro intermediário artrópodo  (várias espécies de escaravelhos e pulgas podem servir como hospedeiros intermediários), eles se desenvolvem em cisticercóides, que podem infectar humanos ou roedores pela ingestão  e se desenvolvem em adultos no intestino delgado. Um variante morfologicamente idêntico, H. nana var. fraterna, infecta roedores e usa artrópodos como hospedeiros intermediários.  Quando ovos são ingeridos  (em alimentos contaminados ou água, ou pelas mãos contaminadas com fezes), as oncosferas contidas nos ovos são liberadas. As oncosferas (larvas hexacanto) penetram no vilo intestinal e se desenvolvem em lasvas cisticercóides  .  Com o rompimento dos vilus, as cisticercóides retornam ao lúmen intestinal, evaginam seus escólices  , atacam a mucosa intestinal e se desenvolvem em adultos, que residem na porção ilíaca do intestino delgado profduzindo proglotes grávidas  .  Os ovos são eliminados nas fezes quando liberados das proglotes através de seus átrios genitais ou quando as proglotes desintegram no intestino delgado  .  Um modo alternativo de infecção consiste em uma autoinfecção, quando os ovos liberam seus embriões hexacantos, que penetram o vilus continuando o ciclo infeccioso sem a passagem pelo meio externo  .  A duração da vida dos vermes adultos é de 4 a 6 semanas, mas a auto-infecção interna permite que a infecção persista durante anos.
CDC 
DPDx Parasite Image Library 

hym1.jpg (39948 bytes) Figura 6A
Três adultos de platelmintos Hymenolepis nana. Cada verme (comprimento: 15-40 mm) tem um pequeno escólex arrredondado na extremidade anterior, e proglotes podem ser distinguidas na extremidade mais larga posterior.
CDC. Imagem é contribuição da Divisão de Saúde Pública da Georgia.

 

hym2.jpg (21457 bytes)  Figura 6B
Ovo de Hymenolepis diminuta. Esses ovos são arredondados ou ligeiramente ovais, tamanho 70 - 86 µm X 60 - 80 µm, com uma membrana externa estriada e uma membrana interna fina. O espaço entre estas membranas é liso ou suavemente granular. A oncosfera tem seis ganchos (dos quais pelo menos quatro são visíveis neste nível de foco).
CDC. Imagem é contribuição da Divisão de Saúde Pública da Georgia.
 

hym3.jpg (25008 bytes)  Figura 6C
Ovos de Hymenolepis nana. Esses ovos são ovais ou sub-esféricos e menores do que os da H. diminuta, sendo seu tamanho 40 - 60 µm X 30 - 50 µm. Na membrana interna existem dois polos, dos quais se espalham 4-8 filamentos polares para fora entre as duas membranas. As oncosferas têm seis ganchos (vistos como linhas escuras no local 8 horas).
CDC. Imagem é contribuição da Divisão de Saúde Pública da Georgia.
 

hym6.jpg (62730 bytes)  Figura 6D
Ovo de Hymenolepis nana
© Dr Peter Darben, Coleção de parasitologia clínica da Universidade de Tecnologia de Queensland. Usado com permissão
 

hym5.jpg (10323 bytes)  Figure 6E
Cisticercóide de Hymenolepis nana
© Dr Peter Darben, Coleção de parasitologia clínica da Universidade de Tecnologia de Queensland. Usado com permissão
 

hym4.jpg (14747 bytes)  Figure 6F
Adulto de Hymenolepis nana
© Dr Peter Darben, Coleção de parasitologia clínica da Universidade de Tecnologia de Queensland. Usado com permissão

 

  

 

 


 

EQUINOCOCOSE (HIDATIDOSE)

Echinococcus granulosus e E. multilocularis agentes causadores dos cistos hidáticos.
 

 

 

ECHINOCOCCUS GRANULOSUS

Epidemiologia


O organismo é comum na Asia, Australia, Africa Oriental, Espanha Meridional, partes meridionais da América do Sul e Norte da America do Norte. A incidência de infecções humanas é de cerca de 1 a 2 por 1.000 pessoas e pode ser maior em áreas rurais de regiões afetadas.

Morfologia

Este é o menor de todos os platelmintos (3 a 9 mm de comprimento) com 3 proglotes.

Ciclo de vida

Os vermes adultos vivem em animais domésticos e carnívoros selvagens. Os ovos eliminados pelos animais infectados, são ingeridos pelos animais da fazenda que estão pastando ou pelo homem, se localizam em diferentes órgãos e se desenvolvem em cistos hidáticos que contém muitas larvas (proto-escólices ou areia hidática) (Figura 8). Quando outros animais consomem órgãos infectados desses animais, as proto-escólices escapam do cisto, entram no intestino delgado e se desenvolvem em vermes adultos (Figura 7). Ovos de Echinococcus quando deglutidos pelo homen, produzem embriões que penetram no intestino delgado, entram na circulação e formam cistos no fígado, pulmões, ossos, e às vezes, no cérebro. O cisto é redondo e mede 1 a 7 cm de diâmetro, embora ele possa crescer e ter 30 cm. O cisto consiste de uma cutícula hialina anuclear e uma camada incubadora nucleada interna que contém um fluido claro amarelo. Cistos-filhos aderem à camada incubadora, embora alguns cistos, conhecidos como cistos reprodutivos, podem ter apenas larvas (areia hidática). O homem é um hospedeiro terminal.

Sintomas

Os sintomas, comparáveis àqueles de um tumor de crescimento lento, dependem da localização do cisto. Grandes cistos abdominais produzem descorforto crescente. Cistos hepáticos provocam icterícia obstrutiva. Cistos peribronquiais produzem abcessos pulmonares. Cistos cerebrais produzem aumento de pressão intracraniana e epilepsia Jacksoniana. Cistos renais provocam disfunção renal. Os conteúdos de um cisto podem provocar respostas anafiláticas.

Diagnóstico

Os sintomas clínicos de um tumor de crescimento lento acompanhados de eosinofilia são sugestivos. O teste intradérmico (Casoni) com fluido hidático é útil. Cistos pulmonares e cistos calcificados podem ser visualizados pelo uso de raios X. Anticorpos contra antígenos do fluido hidático têm sido detectacos em uma grande propulação de indivíduos infectados por ELISA ou pelo teste indireto de hemaglutinação.

Tratamento e controle

O tratamento envolve remoção cirúrgica do cisto ou inativação da areia hidática pela injeção do cisto com formalina 10% e sua remoção dentro de poucos minutos (4-5 min). Praziquantel tem sido demonstrado eficiente em muitos casos. Albendazol, em altas doses, é uma alternativa. Medidas preventivas envolvem evitar contato com cães infectados e gatos e a eliminação da infecção neles.

 

    


 
Figura 7
O adulto de Echinococcus granulosus (3 a 6 mm de comprimento) (1) reside no intestino delgado dos hospedeiros definitivos, cães o outros canídeos. Proglotes grávidas liberam ovos (2) que são eliminados nas fezes. Após a ingestão por um hospedeiro intermediário adequado (em condições naturais:carneiros, cabras, suinos, gado, cavalos, camelos), o ovo eclode no intestino delgado e libera uma oncosfera (3) que penetra na parede intestinal e migra através do sistema circulatório para vários órgãos, especialmente o fígado e pulmões. Nesses órgãos a oncosfera se desenvolve em um cisto (4) que aumenta gradualmente, produzindo proto-escólices e cistos-filhos que preenchem o interior do cisto. O hospedeiro definitivo torna-se infectado pela ingestão de órgãos contendo cistos dos hospedeiros intermediários infectados. Após a ingestão, os proto-escólices (5) evaginam, aderem à mucosa intestinal (6), e se desenvolvem em estágios adultos (1) em 32 a 80 dias. O mesmo ciclo de vida ocorre com E. multilocularis (1,2 a 3,7 mm), com as seguintes diferenças: os hospedeiros definitivos são raposas, e em menor extensão cães, gados, coiotes e lobos; os hospedeiros intermediários são pequenos roedores; e o crescimento larval (no fígado) permanece indefinidamente no estágio proliferativo, resultando na invasão dos tecidos adjacentes. Com o E. vogeli (até 5,6 mm de comprimento), os hospedeiros definitivos são cachorro do mato e cães; os hospedeiros intermediários são roedores; e o estágio larval (no fígado, pulmões e outros órgãos) se desenvolvem externamente e internamente, resultando em múltiplas vesículas. O E. oligarthrus (até 2,9 mm de comprimento) tem um ciclo de vida que envolve felinos selvagens como hospedeiros definitivos e roedores como hospedeiros intermediários. Seres humanos tornam-se infectados pela ingestão de ovos (2), com liberação resultante de oncosferas (3) no intestino e desenvolvimento de cistos (4) em vários órgãos 
CDC 
DPDx Parasite Image Library 

ech1.jpg (39118 bytes) Figura 8A
"Areia hidática". Fluido aspirado de um cisto hidático mostra múltiplos proto-escólices (medindo aproximadamente 100 µm), cada um dos quais apresentando seus acúleos típicos. As proto-escólices são normalmente invaginadas (à esquerda), e evaginadas (no meio, depois à direita) quando colocadas em solução salina.
CDC Imagem é contribuição da Divisão de Saúde Pública da Georgia.
 

ech5.jpg (35095 bytes) Figura 8B
Ovo de Echinococcus granulosus
© Dr Peter Darben, Coleção de parasitologia clínica da Universidade de Tecnologia de Queensland. Usado com permissão
 

ech2.jpg (10087 bytes) Figura 8C
Adulto de Echinococcus granulosus
© Dr Peter Darben, Coleção de parasitologia clínica da Universidade de Tecnologia de Queensland. Usado com permissão
 

ech3.jpg (64651 bytes) Figura 8D
Cisto hidático de Echinococcus granulosus em seção de pulmão (H&E)
© Dr Peter Darben, Coleção de parasitologia clínica da Universidade de Tecnologia de Queensland. Usado com permissão
 

ech4.jpg (23169 bytes) Figura 8E
Areia hidática de Echinococcus granulosus
© Dr Peter Darben, Coleção de parasitologia clínica da Universidade de Tecnologia de Queensland. Usado com permissão
 

hydatid-hist1.jpg (93626 bytes) Figura 8F
Histopatologia de cisto hidático. Echinococcus, equinococose
CDC/Dr. Mae Melvin
 

hyatid cysts.jpg (79322 bytes) Figura 8G
Cistos hidáticos
 

rat-hydatid.jpg (45682 bytes)  Figura 8F
Patologia grosseira de rato-do-algodoeiro infectado com Echinococcus multilocularis. Primeiro E. locularis isolado nos próprios Estados Unidos.
CDC/Dr. I. Kagan
 

hydatid-sheep.jpg (101064 bytes) Figura 8G
Histopatologia de Echinococcus granulosus em um carneiro. Espêsso e fibroso pericisto, ectocisto hialino e cápsulas de incubação cheias de proto-escólices são visíveis.
CDC/Dr.Peter Schantz
 

hydatid-lung.jpg (33942 bytes)  Figura 8H
Patologia grosseira da membrana e cistos hitáticos-filhos de pulmão humano
CDC/Dr. I. Kagan
 

hydatid-test.jpg (30534 bytes)  Figura 8I
Braço de homem mostrando teste cutâneo positivo para a doença hidática (equinococose)
CDC/Dr. I. Kagan
 

  

 Figura 8      

 
 
 


Echinococcus multilocularis

Este é um platelminto similar ao E. granulosus, que também causa hidatose nas porções setentrionais da Ásia e da América do Norte. Tem uma morfologia semelhante e ciclo de vida, exceto pelo fato de que roedores são os seus hospedeiros intermediários. Humanos, quando infectados por este verme, também desenvolvem cistos hidáticos, que produzem sintomas semelhantes aos dos causados pelo E. granulosus. Entretanto, os cistos são multiloculares (muitas câmaras). O organismo é resistente a Praziquantel; altas doses de Albendazol apresenta algum efeito anti-parasitário. A cirurgia é a forma de remover o cisto. O controle de roedores é a forma de prevenção.
 

 

Sumário

Organismo

Transmissão

Sintomas

Diagnóstico

Tratamento

Tenia saginata Cisto na carne Dor epigástrica, vômito, diarréia

Proglotes de ovos nas fezes ou na área perianal

Praziquantel
Tenia solium Cisto no porco Dor epigástrica, vômito, diarréia

Proglotes ou ovos nas fezes ou na área perianal

Praziquantel
T. solium Cysticercosis Oro-fecal Dor muscular e fraqueza, problemas neurológicos e oculares

Roentgenografia, anticorpos anti-cisticerco (EIA)

Praziquantel
D. latum Cisto no peixe Dor abdominal, perda de peso, anorexia, desnutrição e problemas de deficiência de vitamina B12 Proglotes ou ovos nas fezes ou na área perianal Praziquantel
E. granulosus Oro-fecal Grandes cistos produzem vários sintomas dependendo da localização no organismo. Roentgenografia, anticorpos anti-fluido hidático (EIA), Teste cutâneo de Casoni Cirurgia, injeção de formalina e drenagem, Praziquantel
E. multiloculoris Oro-fecal Idem Idem Cirurgia, Albendazol

 

 

 

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