x x

DOENÇAS INFECCIOSAS BACTERIOLOGIA IMUNOLOGIA MICOLOGIA PARASITOLOGIA VIROLOGIA

 

 

PARASITOLOGIA – CAPÍTULO QUATRO  

NEMATODOS (Lombrigas)  

Dr Abdul Ghaffar
Emeritus Professor
University of South Carolina School of Medicine

Tradução:
PhD. Myres Hopkins

 
EM INGLÊS
SHQIP - ALBANIAN
Dê a sua opinião
CONTATO
BUSCA
E-MAIL
DR MYRES HOPKINS
ESCOLA DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DA CAROLINA DO SUL
  

Aprenda Plugado

Logo image © Jeffrey Nelson, Rush University, Chicago, Illinois  and The MicrobeLibrary

 

Todos os diagramas com ciclo de vida nesta seção são cortesia de DPDx Parasite Image Library 
Centros para Contrôle de Doenças (CDC)


OBJETIVOS
Epidemiologia, morbidez e mortalidade do organismo,
Ciclo de vida, hospedeiros e vetores
Doença, sintomas, patogênese e Diagnóstico
Prevenção e controle

HELMINTOS INTESTINAIS

Os nematódios intestinais de importância para o homem são:

  • Ascaris lumbricoides (lombrigas)

  • Trichinella spiralis (triquinose)

  • Trichuris trichiura (tricocéfalos)

  • Enterobius vermicularis (oxiúros)

  • Strongyloides stercoralis (diarréia da Cochinchina)

  • Ancylostoma duodenale and Necator americanus (verme do amarelão)

  • Dracunculus medinensis (serpente de fogo dos Israelitas).

E. vermicularis e T. trichiura são parasitas exclusivamente intestinais. Outros helmintos listados acima têm fase intestinal e nos tecidos.
 

 

AscariasisLifeCycle.gif (26250 bytes)  Figura 1
Ciclo de vida do Áscaris 
Vermes adultos
 vivem no lúmen do intestino delgado.  Uma fêmea produz aproximadamente 200.000 ovos por dia, que são eliminados pelas fezes  Ovos não fertilizados não ingeridos mas não são infectivos.  Ovos férteis se embrionam e se tornam infectivos após 18 dias a algumas semanas  , dependendo das condições ambientais (optimas: humidade, calor, solo sombrio).  Após infectivos os ovos são deglutidos  , as larvas eclodem   ,  invadem a mucosa intestinal, e são levados via circulação portal, e depois pela circulação sistêmica para os pulmões  .   As larvas maturam posteriormente nos pulmões (10 a 14 dias), penetram nas paredes alveolares, ascendem pela árvore bronquial para a garganta, e são deglutidos  .    Ao atingirem o intestino delgado, elas se desenvolvem em vermes adultos   .   Cerca de  2 a 3 meses se passam entre a ingestão dos ovos infectivos e a ovoposição pela fêmea adulta. Vermes adultos podem viver de 1 a 2 anos.
CDC
 

 

Ascaris lumbricoides (Grandes lombrigas intestinais)

Epidemiologia
A morbidez annual global devida a infecções por áscaris é estimada em  1 bilhão, com uma mortalidade de 20.000. Ascaridíase pode ocorrer em todas as idades, mas é mais comum no grupo de idade de 5 a 9 anos. A incidência é maior em populações rurais pobres.

Morfologia
O verme-fêmea mede em média 30 cm x 5 mm. O macho é menor.

Ciclo de vida (figura 1) 
A infecção ocorre pela ingestão de alimentos contaminados com ovos infectivos que eclodem na parte superior do intestino delgado. A larva (250 x 15 micrometros) penetram na parede intestinal e entram nas vênulas ou vasos linfáticos. As larvas passam pelo fígado, coração e pulmão até chegarem aos alvéolos em 1 a 7 dias, em cujo período elas crescem até 1.5 cm. Elas migram até os brônquios, ascendem a traquéia até a glote, e descem pelo esôfago para o intestino delgado onde elas maturam em 2 ou 3 meses. Uma fêmea pode viver no intestino por 12 a 18 meses e tem a capacidade de produzir 25 milhões de ovos com uma média diária de 200.000 ovos (figura 2). Os ovos são excretados nas fezes, e sob condições favoráveis (21 a 30 graus C, humidade, ambiente ventilado) larvas infectivas são formadas dentro do ovo. Os ovos são resistentes a desinfetantes químicos e sobrevivem por meses em esgôtos, mas são mortos pelo aquecimento (40 graus C por 15 horas). A infecção é de homem para homem. Pode ocorrer autoinfecção.

Sintomas
Os sintomas estão relacionados à presença do verme. Dez a vinte vermes pode passar desapercebidos, exceto em um exame rotineiro de fezes. A queixa mais comum é leve dor abdominal. Em casos mais severos, o paciente pode apresentar apatia, perda de pêso, anorexia, abdomen distendido, fezes amolecidas intermitentes e vômitos ocasionais. Durante o estágio pulmonar, pode haver um breve período de tosse, dificuldades respiratórias, dispnéia e desconforto sub-external. A maior parte dos sintomas se deve à presença física do verme.

Diagnose
O diagnóstico é baseado na identificação dos ovos (40 a 70 micrômetros por 35 a 50 micrômetros - figura 2) nas fezes.

Tratamento e Prevenção
Mebendazol, 200 mg, para adultos e 100 mg para crianças, durante 3 dias é suficiente. Boa higiene é a melhor medida preventiva.

 

Figura 2

asc1.jpg (28729 bytes)  Um ôvo de áscaris fertilizado, ainda no estágio unicelular, forma eliminada nas fezes. Os ovos estão normalmente neste estágio quando eliminados pelas fezes (O desenvolvimento completo da larva requer 18 dias em condições favoráveis). CDC DPDx Parasite Image Library

asc2.jpg (46461 bytes)  Ovos, não fertilizado (à esquerda) e fertilizado (à direita). Paciente do Haiti. CDC DPDx Parasite Image Library
asc3.jpg (27201 bytes)  Ovo não fertilizado. Mamilações proeminentes da camada externa. Menino de 10 anos examinado em Cherokee, Carolina do Norte. CDC DPDx Parasite Image Library

asc4.jpg (18828 bytes)  Ovo fertilizado. O embrião pode ser distinguido dentro do ovo. The embryo can be distinguished inside the egg. Menino de 10 anos examinado em Cherokee, Carolina do Norte.  CDC DPDx Parasite Image Library

asc5.jpg (4301 bytes)  Ovo não fertilizado sem camada externa mamilada (descorticada). Paciente visto durante uma coleta na Bolivia. CDC DPDx Parasite Image Library

asc6.jpg (23706 bytes) asc7.jpg (24581 bytes)  Dois ovos fertilizados do mesmo paciente, onde embriões começaram a se desenvolver (isso acontece quando a amostra de fezes não é processada por alguns dias e sem refrigeração). Os embriões no estágio inicial da divisão (4-6 células) podem ser claramente vistos. Note que o ovo à esquerda tem uma camada externa mamilada muito fina.. CDC DPDx Parasite Image Library

asc9.jpg (5401 bytes)  Larva eclodindo de um ovo. CDC DPDx Parasite Image Library

asc10.jpg (31333 bytes)  Um verme de Áscaris adulto. Características diagnósticas: extreminades afuniladas; comprimento 15-35 cm (as fêmeas tendem a ser as maiores). Este verme é uma fêmea, conforme evidenciado pelo tamanho e pela cinta genital (depressão circular escura a área inferior da imagem).  Verme eliminado por uma menina na Flórida. CDC  DPDx Parasite Image Library

asc-dr1.jpg (26749 bytes) 

 Áscaris lumbricoides adultos macho e fêmeae © Dr Peter Darben, Universidade de Tecnologia de Queensland, coleção de parasitologia clínica. Usado com permissão.

asc-dr2.jpg (81566 bytes)  Ascaris lumbricoides larva em corte de pulmão (H&E)  © Dr Peter Darben, Universidade de Tecnologia de Queensland, coleção de parasitologia clínica. Usado com permissão.

 

asc8.jpg (28048 bytes)  Ovo contendo uma larva, que será infectiva se ingerida. Paciente de Léogane, Haiti.  CDC DPDx Parasite Image Library
Figura 3

   Triquinelose é adquirida pela ingestão de carne contendo cistos (larva encistada)  de Trichinella.  Após a exposição ao ácido gástrico e pepsina, as larvas são liberadas  dos cistos e invadem a mucosa do intestino delgado onde se desenvolvem em vermes adultos  (fêmea 2.2 mm de comprimento, machos 1.2 mm; período de vida no intestino delgado: 4 semanas).  Após 1 semana, as fêmeas liberam larvas  que migram para os músculos estriados onde se encistamt   Trichinella pseudospiralis, entretanto, não encista. O encistamento se completa em 4 a 5 semanas e a larva encistada permanece viável por alguns anos. A ingestão das larvas encistadas perpetua o ciclo. Ratos e roedores são os principais responsáveis pela manutenção da endemicidade desta infecção. Animais carnívoros/onívoros, como porcos ou ursos, se alimentam de roedores mortos ou de carne de outros animais infectados.  Diferentes hospedeiros animais estão implicados no ciclo de vida de diferentes espécies de Trichinella.  Humanos são acidentalmente infectados ao comerem carne impropriamente processada desses animais carnívoros (ou comerem alimentos contaminados como carne).  CDC DPDx Parasite Image Library


Trichinella spiralis
(Triquinose)

Epidemiologia
Triquinose está relacionada com a qualidade do porco e consumo de carne mal cozida. Amostras de autópsia indicam que cerca de 2 por cento da população está infectada. O índice de mortalidade é baixo.

Morfologia
A fêmea adulta mede 3.5 mm x 60 micrômetros. As larvas no tecido (100 micrômetros x 5 micrômetros) estão enroladas em uma cápsula com a forma de bola de futebol americano.

Ciclo de vida
A infecção ocorre pela ingestão das larvas, em carne mal cozida, que imetiatamente invadem a mucosa intestinal e se diferenciam sexualmente em 18 a 24 horas. A fêmea, após a fertilização, enterra-se profundamente na mucosa intestinal, enquanto que o macho é expelido (estágio intestinal). Por volta do 5º dia os ovos começam a eclodir no verme feminino e larvas jovens são depositadas na mucosa, de onde elas atingem os vasos linfáticos, linfonodos e a corrente sanguínea (migração larval). A dispersão larval ocorre 4 a 16 semanas após a infecção. As larvas são depositadas na fibra muscular e no músculo estriado, elas formam uma cápsula que se calcifica para formar um cisto. No tecido não estriado, como coração e cérebro, as larvas não se calcificam. Elas morrem e se desintegram. O cisto persiste por vários anos. Um verme-fêmea produz aproximadamente 1500 larvas. O homem é o hospedeiro terminal. O reservatório inclui a maioria dos animais carnívoros e onívoros (Figura 2 e 4).

Sintomas
Sintomas da triquinose dependem da severidade da infecção: infecções amenas podem ser assintomáticas. Um bolus de infecção grande produz sintomas de acôrdo com a severidade e estário da infecção e dos órgãos envolvidos (Tabela 1).

Patologia e Imunologia
A patogênese da triquinela é devida à presença de grande numero de larvas em músculos vitais e a reação do hospedeiro aos metabólitos larvais. As fibras do músculo tornam-se aumentadas, edematosas e deformadas. Os músculos paralizados são infiltrados por neutrófilos, eosinófilos e linfócitos. A esplenomegalia depende do grau da infecç]ao. O verme induz uma resposta de IgE forte que, em associação com eosinófilos, contribui para a morte do parasita.

Diagnose
O diagnóstico é baseado nos sintomas, história recente de alimentação por carne crua ou mal cozida e achados laboratoriais (eosinofilia, aumento de creatina fosfoquinase sérica e de lactato desidrogenase e anticorpos anti-T. spiralis).

Tratamento e Controle
Esteróides são usados para o tratamento de sintomas inflamatórios e Mebendazol é usado para eliminar os vermes. A eliminação da infecção pelo parasita em porcos e cozimento adequado da carne são as melhores maneiras de evitar a infecção.

 
 
Figura 4

trich1.jpg (16650 bytes) trich2.jpg (19932 bytes)  Larvas encistadas de triquinela em tecido muscular comprimido. A larva enrolada pode ser vista dentro dos cistos. CDC DPDx Parasite Image Library

trich3.jpg (16095 bytes) trich4.jpg (17180 bytes)  Larvas de triquinela liberadas dos cistos, tipicamente enroladas; comprimento: .8 a 1 mm. Urso do Alasca. CDC DPDx Parasite Image Library

  trich-dr1.jpg (74191 bytes)  Larvas de Trichinella spiralis em corte  de músculo (H&E) e compressão do músculo  © Dr Peter Darben, Universidade de Tecnologia de Queensland, coleção de parasitologia clínica. Usado com permissão. 
 
   

Tabela 1
Sintomatologia da triquinose

Mucosa intestinal
(24-72 h)

Circulação e músculo
(10-21 dias)

Miocárdio
(10-21 dias)

Cérebro e meninges
(14-28 dias)

Náusea, diarréia e vômico, dor abdominal, cefaléia

Edema, conjuntivite peri-orbital, fotofobia, febre, calafrios, sudorese, dor muscular, espasmo, eosinofilia

Dor no peito, taquicardia, mudanças no ECG, edema das extremidades, trombose vascular

Cefaléia (supraorbital), vertigem, zumbido no ouvido, surdez, apatia mental, delírio, coma, perda de reflexos

 

Figura 5

  Ciclo de vida de Trichuris trichiura

Os ovos não embrionados são eliminados nas fezes (1).  No solo, os ovos se desenvolvem em um estágio de 2 células (2), um estágio avançado de clivagem (3), e depois eles se embrionam (4); os ovos se tornam infectivos em 15 a 30 dias. Após a ingestão (mãos ou alimentos contaminados pelo solo), os ovos eclodem no intestino delgado, e liberam larvas (5) que maturam e se estabelecem como adultos no cólon (6).  Os vermes adultos (com aproximadamente 4 cm de comprimento) vivem no cecum e cólon ascendente. Os vermes adultos são fixados naquele local, com as porções anteriores ancoradas na mucosa.  As fêmeas começam a postura 60 a 70 dias após a infecção. Vermes-fêmeas no cecum põem entre 3.000 e 20.000 ovos por dia. O período de vida dos adultos é de 1 ano.  CDC DPDx Parasite Image Library

Trichuris trichiura (tricocéfalos)

Epidemiologia
Trichiuríase é uma doença tropical de crianças (5 a 15 anos) na Asia rural (65% dos 500 - 700 milhões de casos). Entretanto, é encontrada nas duas Americas, principalmente na América do Sul e está concentrada em famílias e grupos com hábitos sanitários deficientes.

Morfologia
O organismo feminino tem 50 mm de comprimento com um diâmetro anterior menor (100 micrometros de diâmetro) e uma parte posterior mais espessa (500 micrômetros de diâmetro). O macho é menor e tem uma extremidade posterior enrolada. Os ovos de Trichuris têm forma oval como bola de futebol americano e tem um plugue em ambas as extremidades.

Ciclo de vida
A infecção ocorre pela ingestão de ovos embrionados do solo. A larva escapa da casca  na parte superior do intestino delgado e penetra no vilus onde permanece por 3 a 10 dias. Ao atingir a adolescência, as larvas passam para o cecum e penetram na mucosa. Elas atingem a idade de ovoposição em 30 a 90 dias de infecção, produzem 3.000 a 10.000 ovos por dia e vivem 5 a 6 anos. Os ovos eliminados pelas fezes se embrionam em solo húmido em 2 a 3 semanas (Figura 5 e 6). Os ovos são menos resistentes à dessecação, calor e ao frio do que os ovos de áscaris. O embrião morre sob dessecação a 37 graus C em 15 minutos. Temperaturas de 52 graus C e -9 graus C são letais.

Sintomas
Os sintomas são grandemente determinados pela presença do verme: menos de 10 vermes são assintomáticos. Infecções maiores (ex. Tricuiuríase massiva infantil) são caracterizadas por diarréia mucosa e sanguinolenta profusa e crônica com dores abdominais e prolapso de reto edematoso. A infecção pode resultar em desnutrição, perda de peso e anemia e às vezes a morte.

Diagnóstico
Diagnose é baseada nos sintomas e na presença de ovos nas fezes (50 a 55 x 20 a 25 micrômetros).

Tratamento e Controle
Mebendazol, 200 mg, para adultos e 100 mg para crianças, durante 3 dias é suficiente. Infecções associadas devem ser tratadas adequadamente. Melhoria dos hábitos de higiene e condições sanitárias são em geral eficientes no controle.

 

 
 
Figura 6

trichuris1.jpg (24699 bytes)  Ovo de Trichuris trichiura visto em montagen líquida. As características diagnósticas são: uma forma típica de barril com dois plugues nos polos, que não se coram, tamanho: 50-54 µm por  22-23 µm. A camada externa da casca do ovo é amarela amarronzada (contrastando com os plugues polares claros). O ovo é não embrionado, e como ovos eles são eliminados pelas fezes. CDC DPDx Parasite Image Library

trichur-dr1.jpg (42630 bytes)  Macho e fêmea adultos de Trichuris trichiura © Dr Peter Darben, Universidade de Tecnologia de Queensland, coleção de parasitologia clínica. Usado com permissão.

  trichur-dr2.jpg (31442 bytes)  Ovos de Trichuris trichiura não corado e corado com hematoxicilina  © Dr Peter Darben, Universidade de Tecnologia de Queensland, coleção de parasitologia clínica. Usado com permissão. 
 
Figura 7

 

Ciclo de vida do  Enterobius vermicularis

Ovos são depositados nas pregas perianais (1).  Auto-infecção ocorre pela transferência de ovos infectivos para a bôca com mãos que coçaram a área perianal (2).  Contaminação pessoa-a-pessoa pode ocorrer através da manipulação de vestuário contaminado ou roupa de cama.  Oxiuríase (ou enterobiose) pode também ser adquirida através de superfícies no ambiente que estejam contaminadas com ovos de oxiúros (ex. curtinas, carpetes). Um pequeno número de ovos pode flutuar no ar e ser inalado. Estes serão deglutidos e seguem o mesmo desenvolvimento dos ovos ingeridos. Após a ingestão de ovos infectivos, a larva eclode no intestino delgado (3) e os adultos se estabelecem no cólon (4).  O intervalo de tempo entre a ingestão de ovos infectivos e a ovoposição pelas fêmeas adultas é de cêrca de um mês.  A duração da vida de adultos é de cêrca de dois meses.  Fêmeas grávidas migram noturnamente fora do ânus e depositam ovos ao rastejarem pela pele da área perianal (5).  A larva contida dentro dos ovos se desenvolve (os ovos se tornam infectivos) em 4 a 6 horas em condições optimas (1).  Retroinfecção, ou a migração de larvas recém eclodidas na pele anal de volta para o reto pode ocorrer, mas a frequência em que isso ocorre é desconhecida. CDC

 

Enterobius vermicularis (oxiúros)

Epidemiologia
Enterobiose é de longe a infecção helmíntica mais comum nos Estados Unidos (18 milhões de casos a qualquer tempo). A infecção no mundo inteiro é de cerca de 210 milhões. É uma doença urbana de crianças em ambientes superpopulados (escolas, creches, etc.) Adultos podem se contaminar pelas crianças. A incidência em brancos é muito maior do que em negros.

Morfologia
O verme-fêmea mede 8 mm x 0.5mm; o macho é menor. Os ovos (60 micrômetros x 27 micrômetros) são ovóides mas assimetricamente achatados em um lado.

Ciclo de Vida
A infecção ocorre quando ovos embrionados são ingeridos a partir do meio ambiente, com alimentos ou contato com as mãoes. A larva embrionária eclode no duodeno e atinge a adolescência no jejuno e ílio superior. Os vermes adultos descem para o baixo íleo, cecum e cólon e vivem lá por 7 a 8 semanas. As fêmeas grávidas, contendo mais de 10.000 ovos migram à noite, para a região perianal e depositam ovos aí. Os ovos maturam em um ambiente oxigenado e úmido e são infecciosos 3 a 4 horas mais tarde. Infecção homem-para-homem e autoinfecção são comuns (Figura 7 e 8). O homem é o único hospedeiro.

Sintomas
Enterobiose é relativamente inócua e raramente produz lesões sérias. O sintoma mais comum é irritação perianal, perineal e vaginal provocada pela migração da fêmea. O prorido leva a insônia e nervosismo. Em alguns casos sintomas gastrointestinais podem se desenvolver (dor, náusea, vômitos, etc.). O stress psicológico de dona-de-casa consciente, complexo de culta, e desejo de esconder a infecção de seus amigos e de sua sogra (em certas culturas) é talvez o trauma mais importante deste parasita pruriginoso persistente.

Diagnóstico
O diagnóstico é feito pela pesquisa de vermes adultos ou ovos na área perianal, particularmente à noite. Uma fita adesiva tipo scotch-test ou uma palheta para coleta de oxiúros aão usados para obter ovos.

Tratamento e Controle
Duas doses (10 mg/kg; maximo de 1g cada) de pamoato de pirantel com intervalo de duas semanas promove um alto índice de cura. Mebendazol é uma alternativa. A família inteira deve ser tratada, para evitar reinfecção. Roupas íntimas e de cama devem ser esterilizadas entre as duas doses de tratamento. Limpeza pessoal é a forma de prevenção mais eficiente.

 

 
Figura 8

entero-dr1.jpg (16337 bytes)  Adultos de Enterobius vermicularis macho e fêmea  © Dr Peter Darben, Universidade de Tecnologia de Queensland, coleção de parasitologia clínica. Usado com permissão.

entero-dr2.jpg (78632 bytes)  Adultos de Enterobius vermicularis em corte de apêndice (H&E)  © Dr Peter Darben, Universidade de Tecnologia de Queensland, coleção de parasitologia clínica. Usado com permissão.

A ent1a.jpg (16226 bytes) B ent1b.jpg (17511 bytes) C ent1c.jpg (18699 bytes) 
Três ovos de Enterobius vermicularis coletados do mesmo paciente em um tubo de Falcon de sistema de teste de diagnóstico (palheta coberta com material adesivo), examinado diretamente em microscopia ótica. As características diagnósticas são: tamanho 50-60 µm por 20-32 µm; forma alongada típica, com um lado convexo e um lado achatado; casca sem cor (aqui vista comu um halo ao redor do ovo). O ovo em A contém um embrião, enquanto em B e C contém larvas mais diferenciadas, que são tipicamente enroladas. CDC DPDx Parasite Image Library

 

Figura 9

  O ciclo de vida do Strongyloides é complexo entre os helmintos com sua alternância de gerações entre ciclos de vida livre e parasíticas, e seu potencial para autoinfecção e multiplicação dentro do hospedeiro. Dois tipos de ciclos existem:
Ciclo de vida livre: A larva rabditiforme eliminada pelas fezes (1) (ver “Ciclo parasítico” abaixo) podem realizar duas mudas e se tornarem larvas filariformes infectivas (desenvolvimento direto) (6) ou realizar quatro mudas e se tornarem machos e fêmeas adultos de vida livre (2) que se cruzam e produzem ovos (3) dos quais eclodem larvas rabditiformes (4).  Estas últimas por sua vez podem se desenvolver (5) em uma nova geração de adultos de vida livre (conforme representado em (2), ou em larvas infectivas filariformes (6).  As larvas filariformes penetram na pele do hospedeiro humano para iniciar o ciclo parasítico (ver abaixo) (6).
Ciclo parasítico: Larvas filariformes em solo contaminado penetram na pele humana (6), e são transportadas para os pulmões onde elas penetram nos espaços alveolares; elas são levadas pela árvore bronquial para a faringe, são deglutidas e daí atingem o intestino delgado (7).  No intestino delgado elas realizam duas mudas e se tornam vermes-fêmeas adultas (8).  As fêmeas vivem ancoradas no epitélio do intestino delgado e produzem ovos por partenogênese (9), que resultam em larvas rabditiformes.  A larva rabdiforme pode ser eliminada pelas fezes (1) (ver "Ciclo de vida livre" acima), ou pode causar autoinfecção (10).  Na autoinfecção, as larvas rabditiformes se tornam larvas infectivas filariformes, que podem penetrar na mucosa intestinal (autoinfecção interna) ou a pele da área perianal (autoinfecção externa); em qualquer caso, as larvas filariformes sequem a rota previamente descrita, sendo sucessivamente levada para os pulmões, para a árvore bronquial, para a faringe e para o intestino delgado onde elas maturam para a forma adulta; ou elas se disseminam amplamente no corpo. Até o presente, a ocorrência de autoinfecção em humanos com infecções helmínticas é reconhecida somente em infecções por Strongyloides stercoralis e Capillaria philippinensis.  No caso de  Strongyloides, a autoinfecção pode explicar a possibilidade de infecções persistentes por muitos anos em pessoas que não estiveram em área endêmica e de hiperinfecções em indivíduos imunodeprimidos CDC
DPDx Parasite Image Library

 

Strongyloides stercoralis (Nematelminto)

Epidemiologia
Infecção por nematelmintos, também conhecida como diarréia da Cochinchina, estimada em 50 a 100 milhões de casos no mundo inteiro, é uma infecção de áreas tropicais e subtropicais com condições sanitárias deficientes. Nos Estados Unidos, é prevalente no Sul e entre os Portoriquenhos.

Morfologia
O tamanho e forma do nematelminto varia dependendo de se o parasita é de vida livre. A fêmea do parasita é maior (2.2 mm x 45 micrômetros) do que o verme de forma livre (1 mm x 60 micrômetros) (figura 10). Os ovos, quando posto medem 55 micrômetros por 30 micrômetros.

Ciclo de vida (figura 9)
A larva infectiva de S. stercoralis penetra a pela do homem, entra na circulação venosa e passa pelo lado direito do coração para os pulmões, onde penetra nos alvéolos. Daí, os parasitas adolescentes ascendem para a glote, são degludidas, e atingem a parte superior do intestino delgado, onde se desenvolvem em adultos. Fêmeas poedeiras se desenvolvem em 28 dias após a infecção. Os ovos na mucosa intestinal, eclodem e se desenvolvem em larvas
rabditiformes no homem. Essas larvas podem penetrar através da mucosa e voltam ao ciclo para a circulação sanguínea, pulmões, glote e duodeno e jejuno; assim elas continuam o ciclo de autoinfecção. Alternativamente, elas são eliminadas pelas fezes, se desenvolvem em formas filariformes infectivas e entram em outro hospedeiro para completar o ciclo direto. Se não encontrar um hospedeiro adequado, as larvas maturam em vermes de vida livre e põem ovos no solo. Os ovos eclodem no solo e produzem larvas rabditiformes que se desenvolvem em larvas filariformes infectivas e entram em um novo hospedeiro (ciclo indireto), ou maturam em formas adultas do verme para repetir o ciclo de vida livre.

Sintomas
Infecções amenas são assintomáticas. A penetração pela pele provoca prurido e bolhas vermelhas. Durante a migração, os organismo provocam pneumonia bronquial verminosa e, no duodeno, elas provocam dor epigástrica mediana com sensação de queimor e estômago delicado, acompanhados de náusea e vômito. Pode ocorrer alternância de diarréia e constipação. Infecções intensas e crônicas levam a anemia, perda de peso e disenteria sanguinolenta crônica. Infecção bacteriana secundária da mucosa lesada pode produzir complicações sérias.

Diagnose
A presença de larvas rabditiformes livres (figura 10) nas fezes é uma forma diagnóstica. Cultura de fezes de 24 horas produz larvas filariformes.

Tratamento e controle
Ivermectin ou tiabendazol pode ser usado eficientemente. Infecções diretas e indiretas são controladas pela melhoria nas condições de higiene e a autoinfecção é controlada pela quimioterapia.

 

 

Figura 10  

strong2.jpg (159621 bytes)  Strongyloides stercoralis
A estrutura esofageana é claramente visível nesta larva; ela consiste de uma porção anterior claviforme; uma constrição pós-mediana; e um bulbo posterior CDC
DPDx Parasite Image Library

strong1.jpg (148116 bytes)  Strongyloides stercoralis
Note o primórdio genital proeminente na seção mediana da larva; note também o cisto de Entamoeba coli próximo da cauda da larva. CDC
DPDx Parasite Image Library

ssterrla.jpg (33690 bytes)  Larva rabdiforme de Strongyloides stercoralis © Dr Peter Darben, Universidade de Tecnologia de Queensland, coleção de parasitologia clínica. Usado com permissão. 

Figura 11

   Ciclo de vida dos Necator/Ancilóstomos.
Os ovos são eliminados pelas fezes (1), e em condições favoráveis (humidade, calor, sombra), as larvas eclodem em 1 a 2 dias. A larva rabdiforme liberada cresce nas fezes e/ou no solo (2), e após 5 a 10 dias (e duas mudas) elas se tornam larvas filariformes (terceiro estágio) que são infectivas (3).  Essas larvas infectivas podem sobreviver 3 a 4 semanas em condições ambientais favoráveis.  Com o contato com o hospedeiro humano, as larvas penetram na pele e são levadas pelas veias para o coração e daí para os pulmões. Elas penetram nos alvéolos pulmonares, ascendem a árvore bronquial para a faringe, e são deglutidas (4).  As larvas atingem o intestino delgado, onde residem e maturam em adultos. Vermes adultos vivem no lúmen do intestino delgado, onde se ligam à parede intestinal com perda sanguínea do hospedeiro resultante (5).  A maioria dos vermes adultos são eliminados em 1 a 2 anos, mas os records de longevidade chegam a vários anos.
Algumas larvas de A. duodenale, após penetração pela pele do hospedeiro, podem se tornar dormentes (no intestino ou músculo). Além disso, a infecção pelo A. duodenale pode provavelmente ocorrer também pela rota oral e transmamária. N. americanus, entretanto, requer uma fase de migração transpulmonar. CDC
DPDx Parasite Image Library


 

Necator americanus e Ancylostoma duodenalis  (Hookworms=vermes com gancho)

Epidemiologia
Esses “hookworms” (aqui referidos como vermes Necator/Ancilóstomos) parasitam mais de 900 milhões de pessoas no mundo inteiro e causam perda diária de sangue de 7 milhões de litros. A ancilostomíase é a infecção mais comum e perde apenas para ascaridíase entre as infecções por vermes parasitários. N. americanus (do novo mundo) é mais comum nas Americas, central e sudeste da África, Ásia meridional, Indonesia, Austrália e Ilhas do Pacífico. A. duodenale (do novo mundo) é a espécie dominante na região Mediterrânea e norte da Asia.

Morfologia
Fêmeas adultas de Necator/Ancylostoma medem cerca de 11 mm x 50 micrômetros. Machos são menores. A extremidade anterior de N. americanus é dotada de um par de placas cortantes curvadas, enquanto que o A. duodenale é equipado com um ou mais pares de dentes. Os vermes dos hookworms medem 60 micrômetros x 35 micrômetros.

Ciclo de vida (figura 11 e 12)
O ciclo de vida dos Necator/Ancylostomas é idêntico ao do das larvas migrans, exceto pelo fato de os primeiros não serem capazes de uma vida-livre ou ciclo de autoinfecção. Além disso, A. duodenale pode infectar também pela rota oral.

Sintomas
Os sintomas da infecção por Necator/Ancylostomas dependem do local onde o verme está presente (Tabela 2) e do desconfôrto causado pela presença dos vermes. Infecção amena pode passar desapercebida.

 

Tabela 2. Aspectos clínicos da doença provocada pelos hookworm

Site

Sintomas

Patogenia

Dérmica

Eritema local, máculas, pápulas (urticária)

Invasão cutânea e migração subcutânea da larva

Pulmonar

Bronquite, pneumonite e, às vezes, eosinofilia

Migração das larvas através dos pulmões, brônquios e traquéia

Gastro- intestinal

Anorexia, dor epigástrica e hemorragia intestinal

Ligação dos vermes adultos e lesão na mucosa intestinal superior

Hematológica

Deficiência de ferro, anemia, hipoproteinemia, edema, falha cardíaca

Perda sanguínea intestinal

Diagnose
A diagnose é feita pela identificação dos ovos de Necator/Ancylostoma em fezes frescas ou preservadas. Espécies de Necator/Ancylostoma não podem ser distinguíveis pela morfologia dos ovos.

Tratamento e controle
Mebendazol, 200 mg, para adultos e 100 mg para crianças, por 3 dias é eficiente. Higiene é o principal método de controle: Saneamento é o principal método de controle: Tratamento sanitário do material fecal e evitar o contato com material fecal infectado.

 

  

Figura 12 

hook-1.jpg (24625 bytes) hook-2.jpg (16171 bytes) 
Ovos de Necator/Ancylostoma examinados em montagem líquida (ovos de Ancylostoma duodenalis e Necator americanus não podem ser distinguidos morfologicamente). Características diagnósticas:  Tamanho 57-76 µm por 35-47 µm, forma oval ou elipsoidal, casca fina. O embrião em B iniciou a divisão celular e está em um estágio de desenvolvimento de gástrula inicial. CDC DPDx Parasite Image Library

ancyclo-dr1.jpg (14702 bytes)
Adulto de Ancylostoma duodenalis macho e fêmea    © Dr Peter Darben, Universidade de Tecnologia de Queensland, coleção de parasitologia clínica. Usado com permissão.

namerfan.jpg (24636 bytes)
Extremidade anterior de Necator americanus fêmea adulta  © Dr Peter Darben, Universidade de Tecnologia de Queensland, coleção de parasitologia clínica. Usado com permissão.

namerfap.jpg (37357 bytes)
Fêmea adulta de Necator americanus, extremidades anterior e posterior  © Dr Peter Darben, Universidade de Tecnologia de Queensland, coleção de parasitologia clínica. Usado com permissão.

hookfila.jpg (34765 bytes) 
Larvas filariformes de hookworm  © Dr Peter Darben, Universidade de Tecnologia de Queensland, coleção de parasitologia clínica. Usado com permissão.

namermp.jpg (36587 bytes) 
Macho adulto de Necator americanus, extremidade posterior  © Dr Peter Darben, Universidade de Tecnologia de Queensland, coleção de parasitologia clínica. Usado com permissão.

hookeggs.jpg (30972 bytes) 
Ovos de hookworm  © Dr Peter Darben, Queensland Universidade de Tecnologia de Queensland, coleção de parasitologia clínica. Usado com permissão.
 

 

Dracunculus medinensis (Verme da Guiné; Serpente de fogo)

Dracunculiase vem do Latin: aflição por pequenos dragões. O nome comum "verne da Guiné" resulta da primeira observação deste parasita pelos Europeus na costa da Guiné no Oeste da África no século 17. A infecção provoca um queimor, sensação dolorosa que leva à doença chamada de serpente de fogo.

 
 

Epidemiologia
Têm ocorrido esforços dramáticos para erradicar o Dracunculus.  CDC estima que em 1986 houveram 3.5 milhões de casos no mundo inteiro. Entretanto, no final de 2007, houveram menos do que 10.000 casos registrados em cinco nações da Africa: Sudão, Gana, Nigéria, Niger e Mali, e em Junho de 2008, os casos foram reduzidos em mais de 50 por cento quando comparados com o mesmo período de 2007. A expectativa é de que a doença do verme da Guiné seja a próxima doença depois da varíola a ser erradicada e presentemente deve existir uns 1.000 casos no mundo inteiro apenas.

Morfologia
A fêmea adulta do verme mede 50-120 cm por 1 mm e o macho tem a metade deste tamanho.

Ciclo de vida
A infecção é causada pela ingestão de água contaminada com crustáceos (copepodas) infectados com larvas. A larva rabditiformes penetram no trato digestivo humano, se alojam no tecido conjuntivo frouxo e maturam em forma adulta em 10 a 12 semanas. Em cerca de um ano, a fêmea grávida migra para os tecidos subcutâneos dos órgãos que normalmente estão em contato com a água e descarrega as larvas na água (figura 13A). As larvas são coletadas pelo crustáceo, no qual elas se desenvolvem em formas infectivas em 2 a 3 semanas.

Sintomas
Se o verme não atinge a pele, ele morre e causa uma reação pequena. No tecido superficial, ele libera uma substância tóxica que produz uma reação inflamatória local na forma de uma bolha estéril com exsudação serosa. O verme fica em um túnel subcutâneo com sua extremidade posterior abaixo da bolha, que contém um fluido amarelo claro. O trajeto do túnel é marcado com uma calosidade e edema. Contaminação da bolha produz abcessos, celulite, ulceração extensiva e necrose.

Diagnose
O diagnóstico é feito a partir da bolha local, do verme ou larva. O contôrno do verme sob a pele é revelado pela luz refletida.

Tratamento
O tratamento inclui a extração do verme da Guiné adulto enrolando-o alguns centímetros por dia ou preferencialmente por meio de múltiplas incisões cirúrgicas sob anestesia local. Nenhuma droga é eficiente para matar o verme. A proteção da água de beber contra contaminação pelo crustáceo e larvas são medidas de prevenção eficientes.

 

Figura 13

A dran1.jpg (28814 bytes)  
B
dran2.jpg (30206 bytes)    A, B: O Verme da Guiné fêmea induz uma dolorosa bôlha (A); após a rotura da bôlha, o verme emerge como um filamento esbranquiçado (B) no centro de uma úlcera dolorosa que é  frequentemente contaminada por infecções secundárias. (Imagens contribuídas pelo Global 2000/The Carter Center, Atlanta, Georgia). CDC


C
GuineaWorm.jpg (60508 bytes)
Verme de Dracunculus medinensis enrolado em palito de fósforo. Este helminto é gradualmente retirado do corpo ao se enrolar no palito  CDC/Dr. Myron Schultz

 
  Figura 13A 
Humanos se tornam infectados ao beber água não filtrada contendo copépodas (pequenos crustáceos) que estão infectados com larvas de D. medinensis
 Após a ingestão, os copépodas morrem e liberam as larvas, que penetram no estômago do hospedeiro e na parede intestinal e entram na cavidade abdominal e espaço retroperitoneal   Após a maturação em adultos e copulação, os vermes machos morrem e as fêmeas (comprimento: 70 a 120 cm) migram nos tecidos subcutâneos para a superfície da pele   Aproximadamente um ano após a infecção, as fêmeas induzem uma bolha na pele, geralmente na extremidade distal inferior, que rompe. Quando esta lesão entra em contato com a água, contato esse desejado pelo paciente que procura alívio para o desconfôrto local, as fêmeas emergem e liberam larvas  As larvas são ingeridas por um copépoda  e após duas semanas (e duas mudas) terão se desenvolvido em larvas infectivas   A ingestão dos copépodas fecham o ciclo     CDC DPDx Parasite Image Library 
 
Figura 14

toxocar1.jpg (15769 bytes) Ovos de  Toxocara canis. Esses ovos são eliminados nas fezes de cachorros, especialmente de animais jovens. Humanos não produzem ou excretam ovos, e portanto ovos não são um achado diagnóstico na toxocaríase humana! O ovo à esquerda está fertilizado mas ainda não embrionado, enquanto que o ovo da direita contém uma larva bem desenvolvida. Este último será infectivo se ingerido por um humano (frequentemente, uma criança). 
CDC
DPDx Parasite Image Library

tcegg.jpg (12197 bytes) Ôvo de Toxocara canis (Vermes Cilíndricos Caninos), embrionado  
©
Dr Peter Darben, coleção de parasitologia clínica da Universidade de Tecnologia de Queensland. Usado com permissão.


 

Toxocara canis e T. catti (larva migrans visceral)

Estes são vermes de cães e gatos mas eles podem infectar humanos e causar danos em órgãos viscerais. Os ovos das fezes de animais infectados são deglutidos pelo homem e eclodem no intestino. As larvas penetram na mucosa, entram na circulação e são levados ao fígado, pulmões, olhos e outros órgãos onde provocam necrose inflamatória. Os sintomas são devidos à reação inflamatória no local da infecção. A consequência mais séria da infecção é a perda da visão se o verme se localiza no ôlho. O tratamento inclui Mebendazol para eliminar o verme e prednisona para os sintomas inflamatórios. Evitar cães e gatos infectados é a melhor prevenção (figura 14 e 15).


Figure 15

Ciclo de Vida de Toxocara
Toxocara canis faz seu ciclo de vida em cães, com humanos adquirindo a infecção como hospedeiros acidentais. Após a ingestão pelos cães, os ovos infectivos produzem larvas que penetram nas paredes do intestino e migram para vários tecidos, onde encistam se o cão tiver mais de 5 semanas de idade. Em cães mais jovens as larvas migram através dos pulmões, árvore bronquial e esôfago; vermes adultos desenvolvem e fazem a postura no intestino delgado. Em cães mais velhos, os estágios encistados são reativados durante a gravidez, e infectam pelas rotas transplacentária e transmamária os filhotes, em cujo intestino delgado vermes adultos se estabelecem. Assim, ovos infectivos são excretados pelas cadelas e filhotes infectados. Humanos são hospedeiros paratênicos que se tornam infectados ao ingerirem ovos infectivos em solo contaminado. Após a ingestão, os ovos produzem larvas que penetram na parede intestinal e são levados pela circulação a uma variedade de tecidos (fígado, coração, pulmões, cérebro, músculo, olhos). Enquanto as larvas não realizam nenhum desenvolvimento nesses locais, elas podem causar reações locais severas que são a base da toxocaríase.

CDC

 

Figura 16
ancyclostom-dr1.jpg (30071 bytes) 
Macho adulto e fêmea de Ancylostoma brasiliense   © Dr Peter Darben, Universidade de Tecnologia de Queensland. Usado com permissão.

Ancylostoma braziliensis (larva migrans cutânea, bicho geográfico)

O bicho geográfico é predominante em muitos países tropicais e subtropicais e nos Estados Unidos, especialmente nos estados do Golfo e do Atlântico sul. O organismo é primariamente um verme canino e de gatos mas as larvas filariformes em fezes animais podem infectar o homem e causar erupções na pele. Uma vez que as larvas têm a tendência de se mover, a erupção migra na pele ao redor do local da infecção. Os sintomas duram o período da persistência larval que varia de 2 a 10 semanas. Uma infecção amena pode ser tratada pelo congelamento da área envolvida. Infecções maiores são tratadas com mebendazol. A infecção pode ser evitada pelo afastamento de água e solo contaminado com fezes infectadas (figura 16 e 17).

A hook1.jpg (24625 bytes)  

B
hook2.jpg (16171 bytes) 
Ovos de tênia examinados em montagem líquida (ovos de Ancylostoma duodenale e Necator americanus não podem ser distintos morfologicamente). 
Características diagnósticas: 
Tamanho 57-76 µm por 35-47 µm  
Forma oval ou elipsóide  
Casca fina 
O embrião em B iniciou divisão celular e está em um estágio de (gástrula) inicial. CDC
DPDx Parasite Image Library
Figura 17

  Ovos são eliminados pelas fezes  ,  e em condições favoráveis (humidade, calor, sombra), as larvas eclodem em 1 a 2 dias. As larvas rabditiformes liberadas crescem nas fezes e/ou no solo  , e após 5 a 10 dias (e duas mudas) elas se tornam filariformes (terceiro estágio) larvas que são infectivas  Essas larvas infectivas podem sobreviver por 3 a 4 semanas em condições ambientais favoráveis.  Ao contato com o hospedeiro humano, as larvas penetram na pele e são levadas pelas veias ao coração e depois para os pulmões. Elas penetram nos alvéolos pulmonares, ascendem pela árvore bronquial para a faringe, e são deglutidos  As larvas atingem o intestino delgado, onde elas residem e maturam em adultos. Vermes adultos vivem no lúmen do intestino delgado, onde elas se ligam à parede intestinal com resultante perda de sangue do hospedeiro

A maioria dos vermes adultos são eliminados em 1 a 2 anos, mas os records de longevidade podem atingir alguns anos.

Algumas larvas de A. duodenale, após a penetração na pele do hospedeiro, podem se tornar dormentes (no intestino ou no músculo). Além disso, a infecção por A. duodenale pode provavelmente também ocorrer pela rota oral e transmamária. N. americanus, entretanto, requer uma fase de migração transpulmorar. CDC DPDx Parasite Image Library
 
 

 

HELMINTOS DO SANGUE E DOS TECIDOS

Os principais parasitas do sangue e dos tecidos do homem são as microfilárias. Estas incluem Wuchereria bancrofti e W. (Brugia) Malayi, Onchocerca volvulus, e Loa loa (verme do ôlho).

 


Wuchereria bancrofti e W. (Brugia) malayi (elefantíase)

Epidemiologia
W. bancrofti (figura 18) é estritamente um patógeno humano e é distribuido em áreas tropicais no mundo inteiro, enquanto que B. malayi (figura 19) infectas vários animais selvagens e domésticos e á restrito ao Sudeste da Asia. Mosquitos são vetores para ambos os parasitas.

Morfologia
Esses dois organismos são muito similares em morfologia e nas doenças que eles provocam (figura 18 e 19). Fêmeas adultas de W. bancrofti encontradas em linfonodos e canais linfáticos medem 10 cm x 250 micrômetros, enquanto que machos têm apenas a metade do tamanho. Microfilárias encontradas no sangue medem apenas 260 micrômetros x 10 micrômetros. Adultos de B. malayi têm apenas a metade do tamanho da W. bancrofti mas suas microfilárias são apenas discretamente menores do que W. bancrofti.

Ciclo de vida
As larvas filariformes entram no corpo humano durante a picada do mosquito e migram para vários tecidos. Neste local elas levam até um ano para maturar e produzirem microfilárias que migram para os canais linfáticos (figura 19) e, à noite,entram na circulação sanguínea. Os mosquitos são infectados durante um repasto sanguíneo. A microfilária cresce 4 a 5 vezes no mosquito em 10 a 14 dias e se tornam infectivas para o homem.

Sintomas
Os sintomas incluem linfadenite e febre alta recorrente a cada 8 a 10 semanas, que dura 3 a 7 dias. Há infadenite progressiva devido a uma resposta inflamatória ao parasita alojado nos canais linfáticos e tecidos. À medida que o verme morre, a reação continua e produz um granuloma fibro-proliferativo que obstrui os canais linfáticos e provoca linfedema e elefentíase (figura 20). A pele distendida é susceptível a lesões traumáticas e infecções. A microfilária provoca eosinofilia e alguma esplenomegalia. Nem todas as infecções levam à elefantíase. A prognose, na ausência de elefantíase, é boa.

Diagnose
Diagnose é baseada na história de picada de mosquitos em áreas endêmicas, achados clínicos e presença da microfilária em amostra de sangue coletada à noite.

Tratamento e controle
A dietilcarbamazina mata os vermes adultos ou esterilizam as fêmeas. É dada 2 mg/kg oralmente por 14 dias. Esteróides ajudam a aliviar os sintomas inflamatórios. Climas mais frios reduzem a reação inflamatória.

 

 

   


Figura 18A 
Diferentes espécies dos seguintes gêneros de mosquitos são vetores da filaríase por W. bancrofti dependendo da distribuição geográfica. Entre eles estão: Culex (C. annulirostris, C. bitaeniorhynchus, C. quinquefasciatus, e C. pipiens); Anopheles (A. arabinensis, A. bancroftii, A. farauti, A. funestus, A. gambiae, A. koliensis, A. melas, A. merus, A. punctulatus e A. wellcomei); Aedes (A. aegypti, A. aquasalis, A. bellator, A. cooki, A. darlingi, A. kochi, A. polynesiensis, A. pseudoscutellaris, A. rotumae, A. scapularis, and A. vigilax); Mansonia (M. pseudotitillans, M. uniformis); Coquillettidia (C. juxtamansonia).  Durante um repasto sanguíneo, um mosquito infectado introduz larvas de filária em terceiro-estágio na pele do hospedeiro humano, onde elas penetram pela lesão da mordida  Elas se desenvolvem em adultos que residem comumente nos vasos linfáticos  Os vermes-fêmeas medem 80 a 100 mm de comprimento e 0.24 a 0.30 mm de diâmetro, enquanto os machos medem cerca de 40 mm por 1 mm.  Adultos produzem microfilárias medindo 244 a 296 μm por 7.5 a 10 μm, que são cobertas e têm periodicidade noturna, exceto as microfilárias do Pacífico Sul, que não têm periodicidade marcante. As microfilárias migram para os vasos linfáticos e sanguíneos movendo-se ativamente através da linfa e sangue  Um mosquito ingere a microfilária durante um repasto sanguíneo  Após a ingestão, as microfilárias perde suas bainhas e algumas delas encontram seus caminhos através das paredes do proventrículo e porção cardíaca do intestino médio do mosquito e atingem os músculos torácicos   Aí as microfilárias se desenvolvem no primeiro estágio larval  e subsequentemente em larvas infectivas de terceiro estágio    O terceiro estágio infectivo larval migra através do hemocele do mosquito para a probóscide do mosquito   e pode infectar outro humano quando o mosquito faz repasto sanguíneo  . CDC DPDx Parasite Image Library

w-bank1.jpg (43366 bytes) Figura 18B  
Microfilária de Wuchereria bancrofti, de um paciente visto no Haiti. Preparação em gôta espêssa corada com hematoxilina. A microfilária é coberta por uma bainha, seu corpo é levemente curvado, e a cauda é ponteaguda. A coluna nuclear (as células que constituem o corpo da microfilária) é frouxamente empacotado, as células podem ser visualizadas individualmente e não passam da ponta da cauda. A bainha é levemente corada por hematoxilina. CDC DPDx Parasite Image Library

 w-bank2.jpg (78363 bytes) Figura 18C
 Microfilaria de Wuchereria bancrofti coletada por filtração com uma membrana nucleoporo. Coloração pelo Giemsa, que não demonstra a bainha destas espécies embainhadas (coloração por hematoxilina cora a bainha levemente). Os poros da membrana são visíveis. CDC
DPDx Parasite Image Library

 b-malay1.jpg (48010 bytes)  Figura 19A
Microfilária de Brugia malayi. Preparação em gôta espêssa , corada com hematoxilina. Assim como Wuchereria bancrofti, estas espécies têm uma bainha (levemente corada com hematoxilina). Diferentemente da Wuchereria, as microfilárias nestas espécies são mais enroladas, e a coluna nuclear é mais densamente empacotada, impedindo a visualização das células individuais.
CDC DPDx Parasite Image Library

b-malay2.jpg (48565 bytes) Figura 19B
 Detalhes da microfilária de Brugia malayi  mostrando a cauda ponteaguda, com um núcleo subterminal e outro terminal (mostrados como dilatações ao nível das setas), separados por um espaço sem núcleos. Esta é característica de B. malayi. CDC
DPDx Parasite Image Library

 wuch-dr1.jpg (130142 bytes)  Figura 19C
Adultos de Wuchereria bancrofti em corte do linfonodo (H&E) ©
Dr Peter Darben, Universidade de Tecnologia de Queensland, coleção de parasitologia clínica. Usado com permissão

wbancmic.jpg (32440 bytes)   Figura 19D
Microfilária de Wuchereria bancrofti em sangue periférico, coloração pelo giemsa  ©
Dr Peter Darben, Universidade de Tecnologia de Queensland, coleção de parasitologia clínica. Usado com permissão

   Figura 19E
O vetor típico para a filariose por Brugia malayi são espécies de mosquitos do gênero Mansonia and Aedes.  Durante um repasto sanguíneo, um mosquito infectado introduz larvas filáricas de terceiro estágio na pele do hospedeiro humano, onde elas penetram pela lesão da mordida
 Elas se desenvolvem em adultos que comumente residem nos vasos linfáticos    Os vermes adultos lembram os de Wuchereria bancrofti mas são menores.  As fêmeas medem 43 a 55 mm de comprimento por 130 a 170 μm de espessura, e machos medem 13 a 23 mm de comprimento por 70 a 80 μm de espessura.  Adultos produzem microfilárias, medindo 177 a 230 μm de comprimento e 5 to 7 μm de espessura, que são embainhadas e têm periodicidade noturna.  As microfilárias migram para a linfa e entram na corrente sanguínea atingindo o sangue periférico   Um mosquito ingere a microfilária durante um repasto sanguíneo  Após a ingestão, a microfilária perde a bainha e acha seu caminho através das paredes do proventrículo e porção cardíaca do intestino médio para atingir os músculos torácicos   Aí as microfilárias se desenvolvem em larva de primeiro estágio  e subsequentemente em larvas de terceiro estágio   As larvas de terceiro estágio migram através do hemocele para a probóscide do mosquito  e pode infectar outro humano quando o mosquito faz um repasto sanguíneo   .
CDC
DPDx Parasite Image Library


filar-1.jpg (36063 bytes)
Figura 20A
Linfagite escrotal devido a filaríase
CDC

filar-2.jpg (58150 bytes)
 Figura 20B
Linfonodos inguinais aumentados devido a filaríase.
CDC


filar-3.jpg (123602 bytes)
Figura 20C
 Histopatologia mostrando corte transverso de verme de Dirofilaria no ôlho.
CDC


filar-4.jpg (18206 bytes)
   Figura 20D
Idoso se despe para banho. Ele tem elefantíase na perna esquerda, grande hidrocele, pele de leopardo e nódulos de oncocercose, um claramente visível no seu tronco.
WHO/TDR/Crump

filar-6.jpg (41285 bytes) Figura 20 F
Um idoso se senta para banhar-se do lado de fora de sua casa com água de uma bacia. Ele tem elefantíase na perna esquerda, grande hidrocele, pele de leopardo na perna esquerda e nódulos de oncocercose.  
WHO/TDR/Crump

filar-7.jpg (41798 bytes) Figura 20G
Um idoso se senta´para banhar-se do lado de for a de sua casa com água de uma bacia. Ele tem elefantíase na perna esquerda, grande hidrocele, pele de leopardo na perna esquerda e nódulos de oncocercose.
WHO/TDR/Crump

 

filar-8.jpg (35876 bytes)  Figura 20H
Um homem idoso com hidrocele, elefantíase na perna, íngua pendurada, pele de leopardo e nódulos de oncocercose.
WHO/TDR/Crump

filar-9.jpg (38151 bytes)  Figura 20I
Um homem idoso com hidrocele, elefantíase na perna, íngua pendurada e pele de leopardo. WHO/TDR/Crump

filar-10.jpg (28474 bytes) Figura 20J
Os pés de um homem idoso mostrando elefantíase e lesões na pele da perna esquerda e pés. 
WHO/TDR/Crump

filar-11.jpg (39658 bytes)  Figura 20K
Esta mulher tem elefentíase na perna direita e edema na esquerda.
WHO/TDR/Crump
 

elephant1.jpg (81371 bytes)  Figura 20L
Elefantíase da perna devido a filariose. Luzon, Philippines. CDC 

 

   

    

 
 
filar-5.jpg (36553 bytes)  Figura 20E
Um senhor de idade se despe para banho. Ele tem elefantíase na perna esquerda, grande hidrocele, pele de leopardo e nódulos de oncocercose claramente visíveis no seu torso. 
WHO/TDR/Crump
 
 
Onchocerca volvulus
(Filariose que cega; cegueira do rio)

Epidemiologia
Oncocercose é comum  nas regiões oriental, central e ocidental, onde é a maior causa de cegueira. Nas Américas, é encontrada na Guatemala, México, Colombia e Venezuela. A doença é confinada às vizinhanças de pequenos rios de águas rasas onde môscas-negras se cruzam. O homem é o único hospedeiro.

Morfologia
Uma fêmea adulta de oncocerca mede 50 cm por 300 micrômetros, vermes machos são muito menores. As larvas infectivas de O. volvulus medem 500 micrômetros por 25 micrômetros (figura 21).

Ciclo de vida
Larvas infectivas são injetadas na pele humana pela fêmea da môsca-negra (Simulium damnosum) onde elas se desenvolvem em vermes adultos em 8 a 10 meses. Os adultos normalmente ocorrem como grupos de vermes bem enrolados (2 a 3 fêmeas e 1 a 2 machos). A fêmea grávida libera larvas microfiláricas, que são normalmente distribuidas na pele. Elas são coletadas pela môsca-negra durante um repasto sanguíneo. As larvas migram para a cabeça da môsca e são então transmitidas para um segundo hospedeiro.

Sintomas
A oncocercose resulta em lesões nodulares e eritematosas na pele e tecido subcutâneo devido à resposta inflamatória crônica à infecção persistente pelo verme. Durante o período de incubação de 10 a 12 meses, ocorre eosinofilia e urticária. O envolvimento ocular consite na captura da microfilaria na córnea, coróide, íris e câmara anterior, levando à fotofobia, lacrimejamento e cegueira (figura 21).

Diagnose
Diagnose é baseada nos sintomas, história de exposição a môscas-negras e presença de nódulos de microfilária.

Tratamento e controle
Ivermectin é eficiente para matar as larvas, mas não afetam o verme adulto. Medidas preventivas incluem o controle do vetor, tratamento dos indivíduos infectados e evitar a môsca-negra.

 

 

Figura 21     

 


oncho1.jpg (31405 bytes)  Figura 21A
Microfilaria de Onchocerca volvulus, de pele de um paciente visto na Guatemala. Preparação líquida. Algumas características importantes da microfilária dessas espécies são vistas aqui: ausência de casca; a cauda é ponteagura no final.
CDC 
DPDx Parasite Image Library

oncho-1.jpg (48197 bytes)  Figura 21B
Onchocerca volvulus
CDC/Dr. Lee Moore 

oncho-3.jpg (50956 bytes) Figura 21C
Onchocerca volvulus, extremidade posterior.

CDC/Dr. Lee Moore

oncho-12.jpg (17636 bytes) Figura 21D
Face de um paciente cego na ala de oncocercose.
WHO/TDR/Crump

ovolvsec.jpg (98989 bytes)  Figura 21E
Adultos de Onchocerca volvulus em corte de tumor (H&E)  
©
Dr Peter Darben, Universidade de Tecnologia de Queensland, coleção de parasitologia clínica. Usado com permissão

oncho-2.jpg (117033 bytes) Figura 21F
Histopatologia de nódulo de Onchocerca volvulus. Oncocercose. 
CDC/Dr. Mae Melvin 

oncho-13.jpg (26350 bytes) Figura 21G
Idoso, cego pela oncocercose.
WHO/TDR/Crump

  Figura 21H
Ciclo de vida do Onchocerca volvulus
Durante um repasto sanguíneo, uma môsca-negra (gênero Simulium) introduz larvas filáricas de terceiro estágio na pele do hospedeiro humano, onde penetram pela lesão da mordida
  .   No tecido subcutâneo as larvas   se desenvolvem em filárias adultas, que comumente residem em nódulos em tecidos conjuntivos subcutâneos  Adultos podem viver nos nódulos por aproximadamente 15 anos.  Alguns nódulos podem conter numerosos vermes  machos e fêmeas.  As fêmeas medem  33 a 50 cm de comprimento e 270 a 400 μm de diâmetro, enquanto machos medem 19 a 42 mm por 130 a 210 μm.  Nos nódulos subcutâneos, as fêmeas são capazes de produzir microfilárias por aproximadmente 9 anos.  As microfilárias, medindo 220 a 360 µm por 5 a 9 µm e não cobertas, têm um período de vida que pode chegar a 2 anos.  Elas são ocasionalmente encontradas no sangue periférico, urina, e escarro mas são tipicamente encontradas na pele e nos vasos linfáticos dos tecidos conjuntivos  Uma môsca-negra ingere as microfilárias durante o repasto sanguíneo  .    Após a ingestão, as microfilárias migram do intestino médio da môsca-negra pelo hemocele para os músculos torácicos   Aí as microfilárias se desenvolvem em larvas de primeiro estágio   e subsequentemente em larvas de terceiro estágio infectivas   As larvas de terceito estágio infectivas migram para a probóscide da môsca-negra   e podem infectar outro humano quando a môsca fizer um repasto sanguíneo
CDC
DPDx Parasite Image Library
 

 
 
 

Loa loa (verme do olho africano)

Loíase é limitada a áreas da floresta equatorial africana. A incidência em áreas endêmicas variam grandemente (8 a 75 %). Os organismos maiores de fêmeas medem 60 mm por 500 micrômetros; machos medem 35mm por 300 micrômetros de tamanho (figura 22). As microfilárias circulantes medem 300 micrômetros por 7 micrômetros; as larvas infectivas na môsca medem 200 micrômetros por 30 micrômetros. O ciclo de vida da Loa loa (figura 23) é idêntico ao da oncocerca, exceto que o vetor para este verme é a môsca do veado. A infecção resulta em edema subcutâneo (Calabar) medindo 5 a 10 cm de diâmetro, marcado por eritema e angioedema, normalmente nas extremidades. Os organismos migram debaixo da pele e em uma taxa de uma polegada (2.54 cm) a cada 2 minutos. Consequentemente, o inchado aparece espontaneamente, persiste por 4 a 7 dias e desaparece, e é chamado porisso de  bolha fugidia ou bolha de Calabar. O verme normalmente não causa problemas sérios, exceto quando passa pela conjuuntiva orbital ou pela ponte nasal. O diagnóstico é baseado em sintomas, história da picada pelo inseto e presença de eosinofilia. A recuperação dos vermes da conjuntiva é confirmatório. O tratamento e controle são conseguidos com dietilcarbamazina.


 

 

loa-3.jpg (48918 bytes) Figura 22A
Extremidade posterior do Loa loa.
CDC/Dr. Lee Moore

loa-2.jpg (80518 bytes)   Figura 22B
Loa loa, agente de filaríase. Extremidade anterior.
CDC/Dr. Lee Moore 

loa1.jpg (35711 bytes)  Figura 22C
Microfilária de Loa loa (direita) e Mansonella perstans (esquerda). Paciente visto  em Camarões. Esfregaço sanguíneo de camada espêssa corado com hematoxicilina. Loa loa é embainhada, com uma coluna nuclear relativamente densa; sua cauda estreita e é frequentemente enrolada, e os núcleos se extendem até o final da cauda. Mansonella perstans é menor, não tem cobertura, e tem uma cauda de ponta grossa com núcleos se estentendo até o fim da cauda.
CDC

  Figura 23
O vetor para a filaríase por Loa loa são môscas de duas espécies do gênero Chrysops, C. silacea e C. dimidiata.  Durante o repasto sanguíneo, uma mosca infectada (gênero Chrysops, môscas que mordem durante o dia) introduzem larvas de terceiro estágio na pele do hospedeiro humano, onde elas penetram pela lesão da mordida
 As larvas se desenvolvem em adultos que normalmente residem em tecidos subcutâneos  Os vermes-fêmeas medem 40 a 70 mm de comprimento e 0.5 mm de diâmetro, enquanto que machos medem 30 a 34 mm de comprimento e 0.35 a 0.43 mm de diâmetro. Agultos produzem microfilárias medindo 250 a 300 μm por 6 a 8 μm, que são cobertas e têm periodicidade diurna.  Microfilárias têm sido recuperadas de fluidos espinhais, urina, e escarro. Durante o dia elas são encontradas no sangue periférico, mas na fase não circulatória, elas são encontradas nos pulmões  A mosca ingere microfilárias durante um rapasto sanguíneo  Após a ingestão, as microfilárias perdem suas bainhas e migram do intestino médio da môsca através do hemocele para os músculos torácicos do artrópodo  Aí, as microfilárias se desenvolvem em larvas de primeiro estágio    e subsequentemente em larvas infectivas de terceiro estágio  As larvas infectivas de terceiro estágio migram para a probóscide das moscas   e podem infectar outro humano quando a mosta fizer um repasto sanguíneo
CDC
DPDx Parasite Image Library
 

 
 

 

 

Sumário

Organismo

Transmissão

Sintomas

Diagnóstico

Tratamento

Ascaris lumbricoides Oro-fecal

Dor abdominal, perda de peso, abdomen distendido

Fezes: ovo corticóide de forma oval (40-70x35-50 μm) Mebendazol

Trichinella spiralis

Carne de porco mal cozida Depende a localização do verme e da sua carga aflitiva: gastroenterite; edema, dor muscular, espasmo; eosinofilia, taquicardia, febre, dor de cabeça e calafrios, vertigem, delírium, coma, etc. História clínica, eosinofilia, biópsia muscular, sorologia

Corticosteróide e Mebendazol

Trichuris trichiura Oro-fecal Dor abdominal, diarréia sanguinolenta, prolapso de reto Dor abdominal, diarréia sanguinolenta, prolapso de reto Mebendazol
Enterobius vermicularis Oro-fecal Prurido perianal, raramente dor abdominal, nausea com vômito Fezes: ovos embrionados (60x27 μm), achatados em um dos lados

Pamoato de pirantel ou Mebendazol

Strongyloides stercoralis Solo-pele, autoinfecção Prurido no local da infecção, erupção devido à migração larval, pneumonia verminosa, dor epigástrica mediana, náusea, vômito, disenteria sanguinolenta, perda de peso e anemia Fezes: larvas rabditiformes (250x 20-25μm)

Ivermectin ou Tiabendazol

Necator americanes; Ancylostoma duodenale

Oro-fecal (ovo); penetração pela pele (larvas) Eritema maculopapular (coceira inflamatória), broncopneumonia, dor epigástrica, hemorragia GI, anemia, edema Fezes: ovos de forma oval segmentados (60 x 30 20-25μm) Mebendazol

Dracunculus medinensis

Oral: copépodas na água Bolhas na pele, irritação, inflamação Exame físico

Mebendazol

Wuchereria bancrofti; W. brugia malayi

(elefantíase)

Picada de mosquito Febre recorrente, linfadenite, esplenomegalia, linfedema, elefantíase História clínica, exame físico, microfilária no sangue (amostra noturna) Mebendazol; Dietilcarbamazina
Onchocerca volvulus Picada pela mosca-negra Lesões nodulares e eritematosas dérmicas, eosinofilia, urticaria, cegueira História clínica, exame físico, microfilária em aspirado nodular Mebendazol; Dietilcarbamazina

Loa loa

Môsca do veado

Como na oncocercose

Como na oncocercose

Dietilcarb-amazina

 

 

 

Voltar à Seção de Parasitologia de Microbiologia e Imunologia On-line


Esta página foi modificada em
Monday, January 23, 2017


Página mantida por Richard Hunt